terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Ser mãe de família é também zelar pela saúde bucal do marido e filhos

* Por Cícero Lascala

Da menstruação à menopausa, passando pela gestação e a amamentação, a saúde bucal das mulheres passa por diferentes ciclos e exige cuidados diversos.
Mesmo com os movimentos de emancipação feminina, iniciados após a segunda guerra mundial e acelerados após a introdução da pílula anticoncepcional nos anos sessenta, a mulher brasileira ainda responde por quase todo o trabalho doméstico, pois estudo recente do IBGE indica que pouco mais de 50% dos homens declararam cuidar ou ajudar nos afazeres domésticos contra um índice de 90% das mulheres.
A mulher, além de atuar na manutenção da casa, é igualmente responsável pela escolha e preparação dos alimentos que são consumidos pela família, sendo uma autêntica provedora da saúde bucal do seu núcleo familiar.
Já que a principal função dos dentes é a mastigação, os cuidados com a saúde bucal são de grande importância para uma correta alimentação dos membros da família. O consumo de açúcar, por exemplo, contribui para o aparecimento de cáries e este alerta vale também para alimentos de baixo valor nutricional ricos em açúcares escondidos, como salgadinhos, ketchup, refrigerantes e sucos de frutas industrializados e frequentemente consumidos pelas crianças.

A saúde bucal começa na barriguinha da futura mamãe

Durante o período de gravidez, a mulher tem importante papel na formação do bebê, já que a partir do quarto mês de gestação, por exemplo, começam a se formar as papilas gustativas da criança. Assim, a alimentação da mãe durante esse período exercerá grande influência na preferência do filho por determinados tipos de alimento e, por isso, a gestante deve evitar o consumo de doces, o que também evitará o surgimento de cáries em si própria, estimulando-se por outro lado o consumo de frutas, verduras e legumes.
Ocupada em cuidar da saúde da família, muitas vezes sendo a responsável pela ida dos filhos e do próprio marido às consultas médicas e odontológicas, a mulher acaba com frequência descuidando de sua própria saúde, deixando de levar em conta que ela tem necessidades diferenciadas durante as várias fases da vida, seja pelas mudanças hormonais que ocorrem na puberdade seguidas pela menarca ou primeira menstruação e, mais tarde, pela gravidez e a menopausa, sendo indicado o uso de fio dental diariamente para evitar a gengivite.
Estudo realizado pela Academia Americana de Periodontia relaciona também outras especificidades da saúde bucal feminina durante a vida da mulher. Por exemplo: antes da menstruação, é comum a gengiva inchar e sangrar e algumas mulheres têm também aftas ou inflamações da mucosa bucal.
A inflamação da gengiva é também um dos efeitos colaterais mais comuns dos contraceptivos orais. Na menopausa, além de gengivite, acontecem ainda alterações do paladar e secura bucal, havendo habitualmente relação entre a osteoporose e a perda óssea nos maxilares, o que conduz à perda de dentes devido à diminuição da densidade dos ossos onde eles estão inseridos.
Como se vê, além das consultas semestrais ao dentista para acompanhamento do quadro clínico, uma perfeita saúde bucal dos membros da família, no quadro ainda patriarcal da sociedade brasileira, depende grandemente da atuação da mulher, esta figura abnegada que cumpre quase sempre uma dupla ou tripla jornada de trabalho, no lar e fora dele.

(*) Cícero Lascala é mestre e doutor em Diagnóstico Bucal pela USP – Universidade de São Paulo e especialista em periodontia, ortodontia e ortopedia facial – E-mail:
contato@holisticalascala.com.br

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