* Por Cícero Lascala
Em 1884 foi assinado o decreto 9.311, que criou os primeiros cursos de graduação em odontologia no Brasil, nos estados da Bahia e do Rio de Janeiro. Anos depois, uma portaria do Conselho Federal de Odontologia tornou a data oficial para a comemoração do Dia do Dentista.
E quem é o dentista brasileiro hoje?
Pode ser simplesmente um “cirurgião dentista”, como a gente vê nas placas indicativas de consultórios, ou um ortodontista, um ortopedista facial ou ortopedista funcional dos maxilares, um periodontista, um cirurgião bucomaxilofacial ou um odontopediatra, dependendo da sua vocação e dos mestrados e doutorados que cursou em sua especialização.
Mas, seja qual for a especialidade a que os mais de 220 mil cirurgiões dentistas se dediquem no Brasil, eles são hoje, reconhecidamente, profissionais indispensáveis à conquista e manutenção de uma perfeita saúde bucal e geral. E sobre isso é só levarmos em conta que literatura divulgada pelo Conselho Regional de Odontologia, de São Paulo, mostra que a falta de cuidados com os dentes e gengivas pode levar a doenças sérias, entre as quais a endocardite bacteriana, que é uma infecção causada por bactérias que circulam pela corrente sanguínea, podendo se alojar nas válvulas do coração.
Essa doença provoca lesões, com o risco de comprometimento das funções vitais das válvulas do coração e da liberação de fragmentos ou êmbolos, que entram na circulação e interrompem o fornecimento de sangue a outras áreas do organismo, provocando os chamados “derrames”.
Estudos demonstram que cerca de 20% dos pacientes morrem na fase aguda da doença. Outra parcela significativa pode ficar com sequelas graves, como insuficiência do coração, prejudicando sua qualidade de vida. E entre os principais causadores da endocardite estão as cáries, feridas e inflamações das gengivas, segundo o estudo realizado pelo Incor – Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Como o ser humano é um ser holístico, tudo se liga com tudo. Dentes e gengivas infeccionados têm a ver com dores nas costas, dores no pescoço, articulação têmporo-mandibular defeituosa, problemas de visão que podem conduzir até à cegueira, doenças do coração e também com a vida sexual, a começar da halitose ou mau hálito, que provoca o afastamento do parceiro ou parceira. A ocorrência de problemas bucais afeta diretamente a disposição do paciente, provocando queda da libido ou desejo sexual, seja direta ou indiretamente, pois à medida que um dente ou gengiva infeccionados despejam bactérias na corrente sanguínea, além de comprometerem um bom desempenho sexual provocam sérios danos ao organismo como um todo.
Em outras palavras, melhorando o desempenho físico pela obtenção da saúde bucal proporciona-se ao ser humano uma melhor qualidade de vida, aí incluída uma vida sexual plena e gratificante. E isso vale tanto para homens quanto para mulheres.
Na comemoração do Dia do Dentista, deve-se também celebrar o fato de que o Governo e o Ministério da Saúde estão conscientes da necessidade de se privilegiar a saúde bucal. Não por razões apenas estéticas, mas principalmente por saberem que uma boa saúde geral passa primeiro pela sua porta de entrada: a boca.
* Cícero Lascala é mestre e doutor em Diagnóstico Bucal pela USP e especialista em ortodontia, ortopedia facial, ortopedia funcional dos maxilares e periodontia.
E-mail: contato@holisticalascala.com.br
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